Aumenta o número de ataques de ransomware no Brasil em 2025: empresas médias são os principais alvos

O cenário de cibersegurança no Brasil em 2025 tem se tornado cada vez mais desafiador. Um dos principais motivos é o aumento expressivo dos ataques de ransomware, que neste ano já superaram os números registrados em 2023 e 2024. Segundo especialistas, o foco dos cibercriminosos mudou: se antes grandes corporações eram os principais alvos, agora as empresas de médio porte ocupam o centro das atenções.

Esse tipo de ataque — em que os dados da empresa são sequestrados e criptografados, com posterior exigência de pagamento para liberação — tem se sofisticado e se tornado mais frequente, atingindo setores variados como saúde, educação, logística e varejo. A combinação entre sistemas desatualizados, baixo investimento em segurança digital e maior digitalização dos processos torna essas empresas alvos fáceis e lucrativos.

Crescimento exponencial dos ataques

Relatórios recentes de empresas brasileiras de cibersegurança indicam que houve um aumento de mais de 60% nos casos de ransomware em comparação com o mesmo período do ano anterior. A maioria dos ataques registrados em 2025 ocorreu por meio de e-mails de phishing e vulnerabilidades em servidores mal configurados.

Um padrão observado é o direcionamento dos ataques a empresas que possuem até 500 funcionários — organizações grandes o suficiente para ter dados valiosos, mas sem estrutura robusta para responder rapidamente a incidentes. Essas empresas geralmente não têm equipes de segurança dedicadas, dependem de soluções terceirizadas e costumam adotar práticas básicas de proteção, o que as torna especialmente vulneráveis.

Modus operandi cada vez mais sofisticado

Os grupos criminosos responsáveis pelos ataques estão cada vez mais organizados. Utilizam estratégias avançadas de engenharia social, ferramentas de automação e até inteligência artificial para identificar brechas e conduzir ataques personalizados. Em muitos casos, os criminosos permanecem semanas dentro da rede da empresa antes de lançar o ataque, mapeando sistemas, estudando acessos e coletando informações confidenciais.

Além disso, uma tendência preocupante é a prática conhecida como “dupla extorsão”: após criptografar os dados, os criminosos ameaçam vazar publicamente as informações sensíveis caso o resgate não seja pago. Essa estratégia pressiona ainda mais as empresas a cederem às exigências, com medo de danos à reputação e processos judiciais por vazamento de dados.

Empresas médias na mira

Startups em crescimento, clínicas médicas, distribuidoras regionais e instituições de ensino privadas estão entre os setores mais atingidos. Um caso recente ocorreu com uma rede de escolas de médio porte em São Paulo, que teve os servidores travados e mais de 5 mil dados de alunos expostos. O resgate pedido foi equivalente a R$ 800 mil em criptomoedas.

Para muitos desses negócios, um ataque de ransomware pode ser devastador. Sem backups atualizados e planos de contingência bem estruturados, a recuperação pode levar semanas, com prejuízos financeiros altos e perda da confiança de clientes e parceiros.

Consequências legais e financeiras

Com a vigência da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), empresas que sofrem vazamentos e não notificam as autoridades competentes podem ser multadas e responsabilizadas civilmente. Isso aumenta ainda mais a pressão sobre as organizações atacadas, que muitas vezes optam por pagar o resgate de forma silenciosa para evitar exposição pública.

Especialistas alertam, no entanto, que o pagamento não garante a recuperação total dos dados, e pode incentivar novos ataques. Segundo dados estimados por analistas do setor, em até 30% dos casos o desbloqueio dos arquivos não ocorre mesmo após o pagamento.

Reações e medidas de prevenção

Diante do aumento das ameaças, cresce também a busca por soluções de cibersegurança. Empresas de médio porte começaram a investir mais em sistemas de detecção de intrusão, autenticação multifator, firewalls avançados e capacitação de funcionários. Ainda assim, o desafio é cultural: muitos empresários ainda veem a segurança digital como um custo, e não como um investimento estratégico.

Para reduzir os riscos, especialistas recomendam:

  • Manter backups atualizados e offline
  • Atualizar regularmente todos os sistemas e softwares
  • Adotar políticas rígidas de senhas e acessos
  • Capacitar funcionários sobre engenharia social e phishing
  • Implementar soluções de segurança em camadas

Governos estaduais e instituições como o Sebrae têm promovido campanhas de conscientização voltadas para pequenas e médias empresas, alertando sobre os riscos digitais e oferecendo cursos e consultorias para estruturação mínima de cibersegurança.

Cenário para o segundo semestre

A expectativa é de que os ataques continuem crescendo, especialmente com a popularização das ferramentas de IA generativa, que podem ser usadas por hackers para criar e-mails falsos mais convincentes e automatizar partes dos ataques. Por outro lado, também há avanços nas tecnologias de defesa, incluindo plataformas que utilizam IA para prever ataques e agir preventivamente.

Em resumo, o Brasil vive um momento de transformação digital acelerada, mas esse crescimento vem acompanhado de desafios igualmente rápidos. Para as empresas médias, a lição é clara: investir em cibersegurança não é mais uma opção — é uma necessidade para a sobrevivência.

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